segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Seu cachorro e sua comida

Em O Dilema do Onívoro (Ed. Intrínseca), o jornalista estadunidense Michael Pollan diz que, quanto maior a distância das duas pontas da cadeia alimentar humana – o solo e a prateleira (dos supermercados, açougues e afins) –, mais ignorantes somos em relação ao que comemos.

Este é o paradigma que explica, segundo Sônia Felipe, por que gostamos de nossos cães e gatos, mas não estabelecemos a mesma empatia com relação a bois e peixes.

"Os animais usados como comida são desconhecidos da mente humana, especialmente a formatada nos centros urbanos. Mas as pessoas que têm animais em sua companhia acompanham a agonia e as alegrias desse animal no cotidiano. Feito isso, já não suportam a ideia de infligir a esse animal qualquer tipo de dano, dor ou sofrimento", diz.

Para a professora, esse processo alienatório extingue a culpa do consumo, pela diferenciação de que uma espécie tem mais valor do que outra, levando em conta sua utilidade ao ego humano. "Abraçar um tipo de animal e passar a faca no pedaço de carne de outro no seu prato, torna-se algo natural. Há uma distância enorme entre o que a mente produz, ao elaborar a percepção do animal como um ser vivo senciente, que precisa receber proteção e cuidados, e a percepção da carne, alimento propagado como bom e necessário para o organismo humano", opina.

Fonte: Gazeta Do Povo

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