sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Dai-me serenidade

E quando você tem certeza que uma certa pessoa falou uma certa coisa em um certo momento só para te alfinetar?

Sério, não parece mas eu sou MUITO paciente.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

It's ok to be a cat guy

Foi por já ouvir tanto comentário idiota sobre meninos que gostam de gatos que eu simplesmente A-M-E-I essa série de vídeos It´s ok to be a cat guy.

Apesar de eu genuinamente crer que gatos sejam animais feministas, eu não acho que sejam animais FEMININOS. Gato é o bicho mais massa do mundo, óbvio, e essa idéia de que é coisa de mulher é tão idiota e culturalmente construída quanto dizer que macho que é macho tem que coçar o saco e arrotar em público. Né?

E tambem porque oh God, não tem coisa mais linda do que um homem que tenha gato(s)...


Esse vídeo é o melhor, mas tem outros: aqui, aqui e aqui.

sábado, 16 de julho de 2011

O STF saiu do armário!

Enfim, o reconhecimento da União Estável Homoafetiva

Sally Rejane Satler, advogada

sally.satler@gmail.com

Uma sociedade decente é uma sociedade que não humilha seus integrantes. O tribunal lhes restitui o respeito que merecem, reconhece seus direitos, restaura sua dignidade, afirma sua identidade e restaura sua liberdade. Ellen Gracie, Ministra do STF, ao pronunciar o seu voto favorável à união estável entre pessoas do mesmo sexo.

Que não se separe por um parágrafo, o que a vida uniu pelo afeto. Ayres Britto, Ministro do STF, na leitura de seu voto, fazendo menção à uma leitura literal e simplista do dispositivo constitucional que trata da união estável (art. 26, parágrafo 3º).

Há muito que os movimentos LGBT e de Direitos Humanos lutam pelo reconhecimento da união civil entre pessoas do mesmo sexo. No Congresso Nacional, entre pautas e engavetamentos, após as eleições de 2010, a possibilidade de por em votação em pauta o projeto novamente reavivou as esperanças na conquista deste direito e legitimação da igualdade entre todos proclamada na Constituição Federal de 1988.

Enquanto se esperava a lenta movimentação do Congresso, o Supremo Tribunal Federal – STF – surpreendeu a todos neste mês de maio, quando, por unanimidade, reconheceu a União Estável entre pessoas do mesmo sexo. Uma conquista importantíssima e uma demonstração de maturidade e compreensão jurídica por parte dos nossos Ministros. Afinal, o último censo revelou a existência de aproximadamente 60 mil famílias constituídas por pessoas do mesmo sexo no Brasil, e independentemente de números, não é possível condená-las à invisibilidade.

A decisão surpreendeu também a FPE – Frente Parlamentar Evangélica – composta por setenta e seis deputados federais e três senadores, que há muito se articula para impedir a união civil de pessoas do mesmo sexo. Aliás, estranho não se questionar a existência de uma Frente Parlamentar em defesa de crenças religiosas em um país constitucionalmente laico, ou seja, deputados e senadores movidos por interesses e crenças pessoais, e não pela garantia da igualdade de direitos a todos os cidadãos. A mais recente articulação desta Frente culminou na suspensão da circulação do kit anti-homofobia nas escolas, em troca de favores políticos para o Governo Dilma. E neste momento, a FPE vem anunciando estratégias com o objetivo desviar o foco das discussões em torno da aprovação da união civil homossexual, ainda que inócuas do ponto de vista jurídico.

Uma das estratégias é apresentar um projeto de lei que garanta a toda igreja o direito de não ser obrigada a realizar casamentos entre pessoas do mesmo sexo. Obviamente, a Constituição já garante a ampla liberdade de crença, e seria impossível uma imposição estatal às igrejas de celebrar casamentos religiosos homossexuais. Outra tentativa, capitaneada pelo presidente da FPE (deputado João Campos – PSDB-GO), constitui na elaboração e aprovação de um decreto legislativo que pretende reafirmar a competência do Congresso para tratar da matéria, numa tentativa de sustar os efeitos da decisão do STF. Também inócua, porque o STF não criou uma nova lei, apenas interpretou-a conforme a Constituição, que prima pela liberdade, igualdade de direitos e dignidade humana. Assim, resta perguntar se realmente os deputados da FPE não sabem o que fazem ao buscar essas ‘soluções’ legislativas tão simplórias, ou se apenas querem confundir a opinião pública, ou ainda pior, criar um factóide para a mídia, numa luta contra os direitos civis para homossexuais.

Para fazer valer seus direitos, os casais homossexuais ainda terão que buscar os tribunais em muitas situações, mas agora respaldados pela decisão do STF. Ou seja, antes do reconhecimento da união homossexual, direitos como herança e divisão de bens poderiam ser negados no Judiciário, enquanto que agora, da mesma forma que uma família heterossexual, tais direitos podem ser buscados com mais segurança perante à Justiça, amparados na decisão da Corte Suprema.

É importante enfatizar que essa decisão não preenche totalmente a lacuna deixada pelo Legislativo, que deverá regulamentar as relações decorrentes do reconhecimento da união. Em nível local, também é necessário e urgente mobilizar o Poder Executivo e Legislativo locais para regulamentar, por exemplo, o direito de pensão dos servidores homossexuais junto aos planos de previdência municipais (como por exemplo, o ISSBLU - Instituto de Seguridade Social dos Servidores Públicos Municipais de Blumenau), e também em nível estadual (como o IPESC/IPREV).

Por isso, entendo que essa conquista constitui somente uma etapa de um longo processo de luta. Ainda há muito a ser conquistado, e muitos são os interesses e preconceitos a serem combatidos.

Mas afinal, o que efetivamente muda a partir dessa decisão que reconheceu a União Estável entre casais do mesmo sexo? A partir desse momento, os casais homossexuais passaram a ser considerados uma entidade familiar, com direitos de herança, comunhão de bens, pensão alimentícia, pensão por morte, plano de saúde, entre tantos outros. Essa decisão tem efeito vinculante, ou seja, os outros tribunais do país deverão segui-la em julgamentos que tratem do assunto. Assim, as regras serão semelhantes nos casos de União Estável envolvendo tanto casais heterossexuais, como casais homossexuais.

No momento, mais importante que celebrar essa conquista, é fazer valer esse direito. Por isso, conclamo a todos os casais homossexuais que compareçam a um cartório e firmem a Declaração de União Estável, como um ato de legitimação perante o Estado, à sociedade e seus familiares; pois, nesse caso, é um ato de rebeldia ante a fragilidade legal dessa união, uma teimosia, não uma convenção; fortalece a luta e o debate em favor do reconhecimento da união civil homossexual e de seus direitos mais básicos. “É o tempo da travessia, e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos”, citando Fernando Pessoa, tal como o Ministro Luiz Fux fez em seu voto no STF.

Como fazer a Declaração de União Estável?

É bem simples: basta levar a qualquer cartório os documentos pessoais do casal (Identidade, CPF, Certidão de Nascimento atualizada e comprovante de residência). O custo fica entre R$ 30,00 e R$ 60,00, dependendo do cartório.

Só lembrando: é possível assinar a declaração com efeitos retroativos à data do início da relação conjugal, o que garante o direito à herança e partilha de bens adquiridos pelo casal antes do dia da assinatura no cartório.

domingo, 1 de maio de 2011

Recado

"Quando eu vejo alguém que não sabe NADA de feminismo, que nunca quis saber, que tem raiva de quem sabe, que nunca fez o menor esforço em aprender, EXIGIR que eu o informe sobre feminismo, e que são perguntas que eu já respondi 156,802 vezes antes, bom, eu diria que tenho direito de não querer responder, sendo eu militante ou não. Esse, aliás, é um dos velhos argumentos mimimi usados contra militantes em geral: “IF YOU WON'T TEACH ME HOW CAN I LEARN?” Ahn, em plena era de informação, a pessoa depende justamente de mim pra ensiná-lo? (sendo que, em geral, essas pessoas que buscam “informação” já vem com quinhentas pedras na mão?)."

Quem disse isso foi a Lola, na lista das Blogueiras Feministas, mas isso calhou tão bem pra uma situação tão específica minha que pá né.

domingo, 6 de março de 2011

Dançando em Blumenau

Tenho um relacionamento complicado com Blumenau. De amor e ódio.
Nasci aqui. Cresci aqui. Estudei aqui. E nunca passei mais do que duas semanas fora daqui. NUNCA. E todos os meus planos de ir embora sempre deram errado. Pior que eu acho que boa parte foi por auto-sabotagem minha mesmo. Tipo quando chegava perto da hora "acontecia" alguma coisa, um emprego novo, um amor novo, algum empecilho.

E é engraçado, sempre nos períodos que precediam a minha pretensa fuga, eu sofria de um saudosismo sufocante. Andava pelo centro admirando cada prediozinho com enxaimel fake. Babava no prédio da prefeitura. Batia foto da ponte de ferro. E amava Blumenau mais do que nunca. Eu tenho sonhos recorrentes da minha infância. Eu sou naturalmente saudosista. Eu SEMPRE sonho com a minha escola, Alberto Stein, e com os momentos maravilhosos que passei crescendo lá. SEMPRE sonho com a minha casa, numa ruazinha da Jorge Lacerda, e não consigo pensar em outro lugar onde fui mais feliz. Sonho que comprei aquela casa pra morar de novo. Queria comprar aquela casa mesmo.

Mas a verdade é que eu sinto que Blumenau é a minha felicidade mas também a minha perdição. Aqui eu estou presa dentro de uma caixinha. Bem pequena. Nada das coisas que me interessam de verdade estão aqui. Tirando raras exceções, sinto que estou cercada de pessoas que não me agradam. Esses direitóides racistas, homofóbicos, elitistas. Não tem os cursos que eu gostaria de fazer. As palestras que eu gostaria de assistir. É uma merda isso. Sempre parece que eu não consigo ir muito pra frente.

Comentei com uma amiga minha que estava pensando em ir embora, de novo. E ela disse que aleluia, estava mesmo na hora de eu amadurecer e ir construir minha vida em outro lugar. Fiquei pensando se era isso mesmo. Se a gente amadurece de verdade quando vai para uma terra estranha, se a gente vira outra pessoa, melhor. Me senti meio Abrão assim, sai da tua casa e da tua parentela blablablawhiskassachet...

Blumenau, quero o divórcio.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Whaaaaaaat?

Como todo mundo que acompanha o blog já sabe, todo semestre eu tenho uma Prática Educativa para apresentar e um paper para entregar.

Tá.

O paper desse semestre, por sorte, é sobre Alfabetização e Letramento. Gostei, pq o do semestre passado foi sobre Lendas, parlendas e contos. Puah!

Daí lá foram as meninas tirar mais informações sobre a tal prática - que tem que estar relacionada com o paper. E pediram se rolava fazer a prática na creche onde uma delas trabalha. Gente. Oi? Paper sobre alfabetização e letramento? Numa creche? A pergunta delas já foi extremamente idiota por si só.

Mas o mais absurdo e inesperado foi a resposta da monitora. Disse que sim, porque na creche não há alfabetização mas há letramento, já que LETRAMENTO É QUANDO A CRIANÇA APRENDE AS LETRAS, APRENDE A DESENHAR O NOME.

?????????????????????????????????????

Me caiu os butiá tudo do bolso.

Vai se fuder, Uniasselvi.

As coisas que a gente tem que aguentar por um diploma. Desespero define.

Letramento é o resultado da ação de ensinar a ler e escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita.
Surge um novo sentido para o adjetivo letrado, que significava apenas “que, ou o que é versado em letras ou literatura; literato”, e que agora passa a caracterizar o indivíduo que domina a leitura, ou seja, que não só sabe ler e escrever (atributo daquele que é alfabetizado), mas também faz uso competente e freqüente da leitura e da escrita. Fala-se no letramento como ampliação do sentido de alfabetização. http://pt.wikipedia.org/wiki/Letramento

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Rapidinhas - de novo

Acabei de chegar da reunião do LEO e lembrei que faz tempo que não posto aqui.
Tô ficando redundante e repetitiva, mas SIM, estou numa loucura completa, muita correria, muitas notícias boas, muita coisa se realizando em 2011.

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Quando li a primeira vez o poema do Drummond, que pergunta Quem pode querer ser feliz se não for por amor?, eu imediatamente corrigi e adaptei para a minha vida: quem pode querer ser feliz se não for para servir?
Lema do ramo Pioneiro, SERVIR é algo a que dedico a minha vida. É algo que move meus dias, que me dá energia e que me traz extrema satisfação. Meu trabalho em si já é uma oportunidade. Ninguém vira professor por dinheiro. A gente só vira professor por ter esperança na humanidade e em dias melhores. E por querer SERVIR essa humanidade, querer oferecer ao mundo pessoas melhores. O Escotismo nada mais é do que isso também. Não só quando trabalhamos com serviços à comunidade, mas principalmente quando queremos entregar a sociedade jovens melhores, mais integros, verdadeiros cidadão, autônomos, independentes, líderes.
E de carona nisso tudo entra o LEO Clube, que também procura tornar esse mundo um pouco melhor. Hoje assumi o cargo de secretária, não sei nem se vou conseguir atender às expectativas com a minha agenda absurda, mas estou muito orgulhosa e muito animada pelas novas atribuições. E toda boba com o meu pin novo :)

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Sigamos em frente, então. Que uma longa semana me aguarda.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Eu vivo pra isso. - Rapidinhas

Ai...
Amei né.

Amei que ontem concluí a última disciplina do terceiro semestre de Pedagogia. E foi lindo que na prova caiu tudo que eu sabia. Linguística, dominei você.
Eu não canso de falar que a minha média geral está em 9,7. E vai continuar. Porque meudeus como eu estudo... Não parece, eu sei, pq passo o dia inteiro no Twitter. Mas eu sou multitarefa, e estudo pacas mesmo tuitando asnices durante todo o dia.

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Odiei.
Odiei infinitas vezes a Ariadna ter saído do BBB.
Porque não tem desculpa né. Ela não é chata, ela não brigou com ninguém, ela não fez absolutamente nada de errado.
Eu quero perguntar pras pessoas na rua por que é que elas votaram na Ariadna. Eu quero saber o que os outros viram de tão ruim que eu não vi. Quero saber. Mas tô morrendo de medo de descobrir o que já desconfio: foi puro preconceito. O Brasil odeia a diversidade, ok, anotado aqui.

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Eu tô numa fase toda nova. Meu horóscopo já disse. Disse que em janeiro eu concluo um período muito difícil da minha vida, que já durava 2 anos. Olha só, mas que coincidência. Vivi 2 anos de verdadeiro inferno. Sofri como nunca pensei que fosse sofrer. E passei exatos 10 meses absolutamente recolhida, lambendo as minhas feridas, esperando por dias melhores.

E daí fiz aniversário. E foi demais pra minha cabeça. O dia anterior ao meu aniversário foi, tranquilamente, o dia mais feliz dos últimos 5 anos. Eu estava eufórica. Elétrica. Quase histérica. Pode olhar os meus tuítes do dia. Estava mesmo. Estava sambando ao som de Seu Jorge, uma música que nem é alegre, mas é linda e me faz ter vontade de rebolar e batucar. E todo dia desde então tem sido assim. Uma felicidade que não cabe em mim. Que loucura isso... Sentir que, finalmente, eu me completo de novo. Eu sou a tampa da minha própria panela.

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Uma pilha de livros pra ler. Vou reler Backlash primeiro, porque estou participando do Círculo de Leitura com as minhas moliéres.
Daí tem Casa Grande & Senzala, que prometi pra mim mesma que ia ler esse ano.
E depois uns outros de Linguística, porque eu super amei o assunto.

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2011, vc vai ser tudo de bom, que eu sei!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

I have a dream

E então que hoje é Martin Luther King Day.

Esse cara foi O cara. Não tem como assistir ao discurso mais famoso dele, I have a dream, e não se emocionar. E fico muito surpresa de saber que isso tudo aconteceu ainda ontem. Ainda ontem, agorinha, em 1963. Pensa bem cara... Há somente 48 anos, negros não podiam votar em muitos estados dos EUA. Negros tinham banheiros separados. Negros ocupavam a parte de tras dos ônibus. Umas coisas assim que na nossa cabeça fazem parte da Idade Média. Mas não. Foi ontem.

Eu acho interessante quem acha que pá, que tá tudo bem hoje em dia. Que meritocracia existe e funciona, ainda mais aqui no Brasil. Que é só lutar e se esforçar, e o céu é o limite - afinal, olha só o exemplo do Sílvio Santos né? Bem coisinha da direita isso, e bem por isso que eu odeio qualquer coisa que lembre a direita.

Vamos tirar 5 segundos, em memória de Martin Luther King e repensar saporra toda de meritocracia. Né? 49% do Brasil é de negros/pardos. Mas essa proporção não existe em cargos de chefia, em cargos políticos, em escolas particulares, em universidades. Enquanto 26% de pretos e 30% de pardos ganham ATÉ 1/2 salário mínimo, apenas 12% de brancos está nessa mesma situação.

Então... Meritocracia né?

É só se esforçar um pouco, batalhar, e daí a gente chega lá. O que significa, logo, que mais ou menos 30% de pardos e pretos são simplesmente... VADIOS? Não, não pode ser, eu conheço vários que são trabalhadores. Então... Eles só tem menos capacidade, é isso? São... mais burros? Talvez alguma falha genética então?

Porque, se não existe preconceito nesse paraíso que é o Brasil, temos que achar uma outra explicação, né?

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Na verdade, quando eu finalmente desmistifiquei esse lance todo de meritocracia foi que a minha visão DE MUNDO mudou. Comecei a ver TUDO com outros olhos. E comecei a me revoltar toda vez que ouço/vejo um discurso pregando o esforço pessoal como solução de todos os problemas. Aham, Claudia, senta lá.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A tia solteirona

Tem uma coisa específica que tem me incomodado muito nos últimos tempos, que é o rótulo de tia solteirona. Até porque esse é um conceito totalmente construído e embutido em nossas mentes desde que nascemos. Uma coisa tão bem feita e tão bem tecida que a gente até pensa que chegou a essa conclusão sozinhos, por observação.

"Um levantamento de 1990 descobriu que quase 60% das mulheres solteiras acreditavam ser muito mais felizes do que as suas amigas casadas e que as suas vidas eram 'muito mais despreocupadas'"

Claro, talvez isso tenha chamado tanto a minha atenção porque eu sou solteira. E recebo olhares e conselhos e ajuda de amigas casamenteiras. Mas chamou muito mais por observar ao meu redor como as mulheres em geral têm horror a essa possibilidade, a possibilidade de chegar a certa idade sem um marido para chamar de seu. O pesadelo de ficar pra titia. E o desespero de se agarrar em qualquer fio desencapado só porque não consegue ficar sozinha. Huh?

"A maioria das solteiras entre 45 e 60 anos afirmava não desejar o casamento."

É que a gente aprende desde pequena, né. Menina, não senta de perna aberta. Menina, não fala palavrão. Sempre (ou quase sempre) conselhos válidos, claro, mas seguidos da pior ameaça do mundo: assim ninguém vai querer namorar com você! Também tem o velho quando casar sara. Que no começo eu entendia como: vai demorar muito pra você casar, então vai dar tempo de sarar. Mas li em algum lugar e faz todo sentido do mundo: casar acaba com todos os seus problemas e com todas as suas dores.

Não, né?

"Uma análise dos dados de pesquisas oficiais do governo realizadas nos anos 70 e 80 registrou um aumento de felicidade de 11% entre as mulheres solteiras de 20 e 30 anos - e uma queda de 6,3% entre as casadas com a mesma idade. [...] Após entrevistar 60 mil mulheres, descobriu-se que só a metade delas gostaria de se casar novamente com o marido se tivesse que fazer tudo de novo."

Quando eu trabalhei numa escola aqui em Blumenau, lembro de todas as mulheres sentadas na mesa almoçando e revezando para falar mal do marido. Marido que não ajuda, marido que só quer saber de pescar, marido que não deixa usar mini-saia, marido que não gosta de dançar e não deixa a mulher dançar com outros. Não era só falar por comentar, era um discurso carregado de mágoa e ressentimento, boa parte delas não era feliz no casamento MESMO, e não amava mais seu marido há muito tempo. Mas ficar solteira? Deus me livre!

"Se há um padrão que os estudos psicológicos demonstraram é justamente aquele que diz que a instituição do matrimônio tem um efeito imensamente benéfico na saúde mental do homem. 'Estar casado', avaliou uma vez o eminente demógrafo do governo Paul Glick, 'é cerca de duas vezes mais vantajoso para o homem do que para a mulher em termos de sobrevivência.'"

E em determinado momento uma delas olhou para mim e disse: a Geórgia é feliz e não sabe!!! Respondi na lata, sem nem titubear: sei sim!!! E como sei!

Mas não é que eu seja contra o casamento/união/relacionamentos em geral. Não mesmo. Adoro namorar, adoro estar apaixonada, adoro sentir borboletas no estômago. Mas sou 100% contra essa cultura que reina, a do antes mal acompanhado do que só. Essa crença universal que uma mulher na minha situação, por exemplo, solteira aos 29 anos, seja infeliz, amarga, mal-amada, mal humorada - e que esteja desesperadamente a caça da tampa de sua panela. Eu ODEIO quando desejam que eu encontre um namorado (e sempre desejam, no Natal, Ano Novo e a cada aniversário). Como se arrumar um namorado fosse ser a solução de todos os meus problemas. Como se eu não tivesse outras prioridades. Como se não ter um compromisso sério me fizesse menos feliz e satisfeita com a minha vida. E tem mais né. Se a mulher é solteira, é porque ninguém a quis, então obviamente ela deve ter algum problema sério, ser frígida, ser louca ou ser promíscua. Mas nunca pode ser porque ELA não quis, porque ELA não encontrou ninguém que a fizesse realmente ter vontade de casar - ou porque ela simplesmente não quis encontrar.

"Os dados sobre saúde mental, registrados em dezenas de estudos sobre o casamento durante os últimos quarenta anos, são consistentes e inquestionáveis: o índice de suicídios em solteiros é o dobro comparado aos homens casados. Os solteiros sofrem quase duas vezes mais de graves sintomas neuróticos e são muito mais sujeitos a esgotamento nervoso, depressão e até pesadelos. E apesar da imagem tipicamente americana do caubói solteiro sem preocupações, na realidade o homem sozinho tem muito mais tendência a ser melancólico, passivo e cheio de fobias do que o casado. [...] Numa pesquisa, um terço dos solteiros apresentou graves sintomas de neurose: os mesmos sintomas só apareceram em 4% das mulheres solteiras."

Eu devo ter nascido em outro planeta mesmo, porque nunca me estressei com a solteirice. Namorei dos 16 aos 18 anos, e depois fiquei 7 anos solteira (sim, SETE ANOS). Daí namorei 3 anos e agora estou há 10 meses solteira. E pronta para encarar mais sete anos, se rolar. E morando onde eu moro, cercada de machistas, direitistas, conservadores e todos os outros xingamentos que para eles é elogio, as chances de eu morrer solteira são altíssimas. Ok, fine by me. Mas não vou namorar por namorar, só para dizer que estou com alguém, só para ter companhia na festa de fim de ano da empresa. Mas a pressão é tão grande, e a cara de pena das pessoas é tão genuína, que eu só fui descobrir que não, eu não estava louca, quando li Backlash, da Susan Faludi. Aliás, todas as citações desse post são desse livro.

"Em levantamentos nacionais, menos de um terço dos divorciados afirma terem sido eles que queriam o divórcio, enquanto as mulheres afirmam que estavam pedindo o divórcio em 55 a 66% dos casos. Os homens também ficam muito mais arrasados do que as mulheres com a ruptura - e o tempo não alivia a dor nem cura a ferida. Uma pesquisa sobre pessoas divorciadas descobriu, em 1982, que um ano após a separação 60% das mulheres consideravam-se mais felizes em comparação com apenas a metade dos homens; a maioria das mulheres disse que tinha mais respeito por si mesma, enquanto só uma minoria dos homens sentia o mesmo. A maior pesquisa de âmbito nacional sobre os efeitos a longo prazo do divórcio descobriu que cinco anos após a ruptura 2/3 das mulheres achavam que sua vida era mais feliz; só 50% dos homens tinham a mesma opinião. Chegando à marca dos 10 anos, os homens que diziam ter sua qualidade de vida estacionada ou piorada subia da metade para 2/3. Enquanto, depois do mesmo número de anos, 80% das mulheres diziam que o divórcio havia sido a decisão certa, somente 50% dos ex-maridos concordavam."

Mas a cultura reforça tanto o estereótipo da tia solteirona, que as mulheres não acreditam que exista felicidade na vida de solteira. Mesmo que os relatos, os depoimentos e estatísticas comprovem o contrário. Eu acho isso uma coisa muito louca. E acho que o livro tem razão, quando fala que muitas mulheres até então despreocupadas com o fato de estarem solteiras, começam a repensar isso depois de ver e ouvir tanta coisa sobre os males da vida sem casamento. Porque a gente não vê ninguém na TV exaltando os benefícios de ser solteira, ou simplesmente divulgando que mulheres solteiras também são felizes. A gente só vê o contrário. E daí a gente (eu inclusive, antes de ler Backlash) começa a pensar: hummm, eu sou solteira... Perae, tem alguma coisa errada.

E isso, queridas mulheres, é o backlash (que é um conceito sociológico, além de ser título de livro): uma reação popular negativa a alguma coisa (nesse caso, o feminismo) que ganhou popularidade, proeminência ou influência. É o reflexo de um ressentimento coletivo. De uma cultura que não pode aceitar que a solteirice seja benéfica para as mulheres, porque se for, ó Deus, o que será da família, do casamento, das crianças, da igreja, da direita reacionária, do conservadorismo? Tem que se lutar contra!