quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Do Blumenauense típico

Claro que o Dia Sem Carro (aconteceu em 22 de setembro - se leega) iria gerar um debate acalorado em Blumenau. Como poderia ser diferente?

Na comunidade Blumenau, no orkut, a discussão foi bem mais interessante. O Orkut consegue realmente reunir pérolas, coisas que a gente jamais imaginaria se vivesse sem ele.

Alguns usaram de profundos argumentos bem fundamentados, como:

eu sem carro nem rola !
ou
sem carro naum rola em blumenau
ou
quem quer chegar cansado e suado no trabalho de subir tanto morro?

E meu comentário foi:

O blumenauense em geral vive de aparências.
Ter carro nessa cidade é mais importante do que ter casa, do que ter saúde, do que ter dinheiro pra uma cerveja. Porque o carro é sinal de STATUS, de sucesso, e o passatempo do blumenauense é passear por dentro do Blu Lanches devagarzinho para ver e ser visto.

Não adianta: o que quer que seja feito, sempre vai ter algum complexado (sim, porque essa obsessão doentia por carros só pode ser a manifestação de algum complexo de inferioridade) inventando um milhão de desculpas para nem sequer avaliar as alternativas que se apresentam.

Para essas pessoas, não adianta explicar sobre o transporte coletivo, as ciclofaixas ou qualquer outra coisa, porque "não vivo sem meu carro". Não importa as razões dessa campanha nem o que nós, como indivíduos, podemos fazer para melhorar a vida nesse planeta. O governo que se dane, né? O governo que solucione tudo, enquanto isso eu toco o foda-se e continuo escondidinho atras do meu insulfilme.

São mil alternativas para o Dia Sem Meu Carro. Pode ser bike, pode ser onibus, e por que não carona? Se andar de ônibus é tão humilhante e bicicleta é tão cansativo, PENSE em outra alternativa. Vá de carona com algum amigo. Em cada carro cabem 5 pessoas, por que em Blumenau só vemos carros com 1 pessoa dentro?

Mas me surpreende que o Blumenauense mediano não está acostumado nem a pensar...

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Claro que, como em toda boa discussão do Orkut, os que se opõe, ao invés de argumentar, preferem inferiorizar quem pisou em seu calo - para acabar com a discussão. Então não vale a pena debater o assunto, ponderar, avaliar os pros e os contras, a proposta do Dia Sem carro. A melhor estatégia é diminuir quem acusou:

Nada pessoal, mas geralmente eu só vejo pobre reclamando que blumenauense só vive de aparências...

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O cara trabalha 15 horas por dia para conquistar uma boa casa, um bom carro, ter estabilidade financeira. Aí quando consegue, é taxado de esnobe. Troféu joinha pra vc! Vou vender tudo o que conquistei com meu suor, comprar um Corcel II e morar na Coripa. Tá bom assim?

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Sou obrigado a concordar com os dois, eu ando com o que eu quiser, desde que eu não estiver devendo dinheiro para ninguém, foda-se os complexados de inferioridade que acham que anda de carro é uma aparência.

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cada um faz o seu, pensar nos outros hoje em dia se o governo não pensa na gente, quero que se foda mesmo.

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Não consegui ficar quieta...

Eu estava falando especificamente das pessoas que são tão egoístas mas tão mesquinhas que nem se propõem a discutir de maneira madura o Dia Sem Carro. Simplesmente tacam pedras. Somente argumentam que "sem meu carro não fico" - como se esse fosse um argumento completo por si só.

São incapazes de olhar de fora da caixa (look outside the box). O que importa é o SEU bem estar, a SUA passeadinha no Blu Lanches, a SUA baladinha e o SEU som alto enchendo o saco dos outros nas ruas. É o mesmo tipo de gente que cospe chiclete na calçada, que joga garrafa de cerveja de dentro de um carro em movimento, que fica acelerando no semáforo convidando os outros para um racha... Uma coisa leva a outra até que chegamos ao estereótipo do machão complexado blumenauense.

Está cheio deles por aí. Mas nunca disse que são vocês 3, então não precisam se defender.

Se o fato de eu ser pobre ou não motivou essas "acusações" tão ofensivas, isso é outro problema e não vem ao caso também. Tem gente pobre que consegue ver a abrangência dos problemas e conclui que a solução está em seus pequenos atos. Tem gente rica que também. Isso independe de condição financeira, na verdade só depende de um pouco de educação.

O Brasil parece que está no oitavo mundo, enquanto toda a Europa está se conscientizando e indo adiante nas lutas ambientais, o blumenauense fica se apegando a coisas pequenas, só para mostrar que trabalha as tais 15 horas por dia. Mas não é capaz de fazer um trabalho voluntário, de ajudar uma família carente, e ainda é capaz de roubar roupas destinadas a doações. É um super umbiguismo - eu, eu e mais ninguém importa nesse mundo. Com isso eu não quero dizer que ah! Deus, a Europa é o paraíso, mas apenas que SIM, pessoas estão se conscientizando e botando a mão na massa!

Quem nós achamos que somos para fazer de conta que nada está acontecendo??? Os importantezinhos? Os privilegiados?

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É complicado, mas já me falaram que no mundo inteiro é assim - que o machão típico complexado blumenauense se espalhou ppor todos os quatro cantos da Terra. É sério?

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