domingo, 29 de novembro de 2009

Sobre métodos de ensino de língua

Alguém (um bom super amigo) me perguntou qual era o melhor método para se aprender uma língua.

Hummm...
Mas acho essa pergunta tão difícil que demorei mais de um mês para começar a escrever algum rascunho.
Pois a verdade é que essa pergunta não tem resposta.

Na verdade não existe método que funciona e método que não funciona. O que existe é o aluno que se adapta melhor a uma maneira de ensinar e não se adapta a outra. Pois eu já vi alunos saindo de todos os métodos falando perfeitamente, e também já vi alunos saindo dos mesmos métodos falando lhufas depois do mesmo tempo.

Eu não sei se eu acredito muito na Teoria das Múltiplas Inteligências, e mesmo se eu acreditasse, não sei se existe algum professor eficaz o suficiente para planejar uma aula que consiga atingir todas essas inteligências. Mas se tem algo que eu acredito porque já vivi na prática é a clássica divisão da PNL entre pessoas auditivas, visuais e cinestésicas. E isso sim deve ser levado em consideração na hora de se escolher como estudar.

Na verdade ninguém é 100% auditivo, nem visual nem cinestésico. Nossos canais de comunicação predominantes podem variar dependendo da situação, humor, ou ambiente, etc. Então tem que se tomar cuidado com os testezinhos de internet, que te rotulam como uma coisa mas nem sempre você vai agir dentro daquele padrão.

Eu lembro que trabalhei em uma escola onde as aulas privilegiavam totalmente os alunos com o canal de comunicação auditivo predominante. A aula inteira se falava, repetia, traduzia em voz alta. Era falar, falar, falar. Usar o quadro era proibido. Os alunos que realmente tinham mais facilidade com esse canal iam super bem. O problema é que estatisticamente, apenas 20% das pessoas são predominantemente auditivas na hora de aprender. Resultado: a taxa de retenção era baixíssima, alunos desistiam o tempo inteiro e eu considerava isso uma m... pois gerava um sentimento de frustração muito grande nos alunos. Porque eles não pensavam eu escolhi o método errado, eles pensavam eu não consegui aprender inglês.

Eu tenho uma certa facilidade com o meu canal auditivo, mas prefiro mil vezes usar o visual. Gosto de ver, de escrever, de visualizar. O que eu acredito que me leva a gostar mais de regras gramaticais por exemplo. Essa parte eu estou supondo. Mas é que eu gosto do pensamento ordenado, de saber os porquês. É mais difícil para mim colocar algo em prática sem saber o que está por trás.
Tem métodos que ensinam a gramática de maneira implícita. As escolas adoram falar isso pois sabem que a maioria das pessoas diz odiar gramática. Então comofas: eles demonstram o ponto gramatical por meio de alguma situação ou texto onde o ponto está lá escondidinho, depois pedem que o aluno crie algumas situações usando aquela mesma estrutura, isso sem dar ainda nenhuma explicação mais aprofundada e cheia de nomenclaturas. Assim, dizem, o aluno aprende como aprendeu sua língua nativa quando criança: ouvindo e repetindo os padrões da língua, sem as tais explicações. Em algumas escolas, a explicação explícita vem em seguida, depois que o aluno sacou como se usa. Mas em outras escolas, nem isso.

EU não gosto assim.Ouvir, falar e só depois ler e de fato compreender o que aconteceu não me seduz, pq eu me considero visual. Pra eu me sentir aprendendo mesmo, deveria ser em outra ordem: ler e compreender, ouvir exemplos e depois falar. Tem mais gente que me apoia, lingüistas famosos, nesse sentido. Fala-se por aí que o negócio é receber muito input, mas muito input, e só bem depois começar a arriscar falar uma ou outra coisa. Então a leitura e a audição vem ANTES da fala, e na verdade BEM antes. Isso pode ser meio desmotivador, porque basicamente as pessoas querem fluência um pouco mais rapidamente.

Para quem tem mais pressa para atingir a fluência, tem os métodos mais "comunicativos". Nesses, a abordagem é um pouco diferente. Ou bem diferente. Você já começa falando. De qualquer jeito. Mas vai falando. Mesmo sem ter certeza de que está dizendo as coisas 100% corretamente. Nem todos os erros são corrigidos na mesma hora pelo professor, pois o foco é que você aprenda a se virar com a língua o mais rápido possível, e depois nos estágios mais avançados é que se vai lapidando e buscando a precisão. Acho até que essa é a mais usada hoje nas franquias. Pra mim também é bom, pois a cada aula você tem aquela sensação de missão cumprida, de que deu mais um passo, você consegue ver melhor o seu desempenho e se sentir mais realizado.

É realmente complicado, eu não quero puxar sardinha pra método nenhum, pois eu realmente acho que todos funcionam a sua maneira e com os alunos certos. O que muita gente infelizmente confunde é método com professor. Vi na minha vida muitos alunos desistindo porque não se adaptaram ao método do professor. Mas isso sim é algo que não existe. Em escolas, não existe o método do professor. Existe UM método, que todos os professores supostamente devem seguir.

Uma coisa é FATO: quase todas as escolas mentem na hora de falar sobre o seu método. Há anos faço pesquisa de mercado aqui em Blumenau e basicamente 100% das escolas falam que seu método é de conversação. Hey, dica das boas essa hein, MÉTODO DE CONVERSAÇÃO NÃO EXISTE! Conversação não é método. E tem escola que diz isso e nem usa a tal conversação nas suas aulas!!! Porque, você não pode dizer que uma aula onde você e seu colega REPRODUZEM um diálogo que já está escrito no livro é conversação, pode? Você não está conversando, você está lendo.

Isso vai render continuações, aguardem...

2 comentários:

Filipe disse...

Opa! To acompanhando... espero os próximos ;-)

Anônimo disse...

Ler vários dos seus artigos antigos é realmente uma diversao. Nao somente pelo seu modo de descrever as situacoes e opinioes, mas por causa do seu humor e perspectiva de avaliar as coisas.

MfG

MP