quinta-feira, 25 de março de 2010

Tunel do tempo: Mais uma chance

O tempo passa, o tempo voa, as grandes questões da minha vida continuam as mesmas. Esse post foi publicado em 20 de dezembro de 2004.

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Errar é humano, cansamos de dizer, principalmente quando nós mesmos cometemos um erro. Esperamos que os outros nos perdoem, e nos escondemos atrás dessa frase-chavão, e exigimos o perdão, pois todos nós temos o direito de errar.

Temos mesmo esse direito? (Até) Quando nos é permitido errar?
Erramos quando o medo nos impede de fazer algo da maneira supostamente correta e preferimos ir pelo caminho errado, que nos parece mais seguro. Ou por termos esperança de que o caminho errado nos levará de alguma maneira ao destino certo. Erramos quando simplesmente não sabemos que há um meio melhor para fazer as coisas, quando somos dominados pela ignorância. Ou às vezes erramos por simplesmente não nos importarmos com as conseqüências, erramos por acharmos que depois é muito simples colocarmos as coisas de volta no lugar, erramos por prepotência, ou por insensibilidade à dor alheia. Erramos por egoísmo, por paunocuzismo, por sermos habituados a não pagar pelo que fazemos.

Mas quando é que um erro é efetivamente perdoável? Como saber que aquela falta é digna de esquecimento? Como distinguir em qual das categorias citadas acima o erro se enquadra? Sem entrar na questão da gravidade do erro, acho que todos eles devem ser perdoados quando se mostra grande arrependimento. Quando podemos sentir sinceridade de que a pessoa, em outras circunstâncias, não o haveria cometido. Ou que se tivesse maior conhecimento de causa, teria feito as coisas de modo diferente.

Quando percebemos que o erro foi cometido por medo, por esperança, por ignorância. Esses sim merecem que seja considerada a hipótese do perdão. Ou também quando queremos perdoar. Daí então qualquer razão é razão suficiente para aceitarmos o pecador de volta, com os braços abertos.

E acredito que esse seja o perdão mais comum. Quando perdoamos as pessoas apenas porque queremos, mesmo sem termos motivo algum para tanto. Perdoamos porque a nossa necessidade do perdão é mais forte do que a raiva que restou.
Mas também perdoamos quando a pessoa que nos feriu não nos machuca tanto assim. A cena é feita, as queixas registradas, mas na verdade é uma grande encenação e na verdade verdadeira não nos magoamos daquela maneira exteriorizada. Se não doeu, por que simular essa raiva?

Só que o perdão também tem seus efeitos colaterais, não importando a razão que nos levou à ele. Voltam as coisas à sua normalidade depois do perdão? Conseguimos dormir tranqüilamente depois do erro cometido e relevado? O perdão vem com um medo inerente, um temor aterrador de que o erro volte a se repetir, de que outros perdões precisem ser dados. Um terror constante e uma espera desesperadora pelo momento em que seremos decepcionados novamente.

Na grande maioria dos casos, afinal, não vale à pena perdoar. Eu não acredito em perdão. Ele não leva a nada. Assim como a alface. Ou pior. Cria a cultura do erro repetitivo, a certeza do perdão. E prolonga situações que deveriam ter sido definitivamente encerradas quando do primeiro deslize.

Um comentário:

Anônimo disse...

oi mazzy

Uma vez eu vi num seriado de televisao uma discussao sobre o valor do perdao que me fez raciocinar um pouco a respeito e mudar o meu ponto de vista.
O perdao nao é pra ninguém além de você mesma. O perdão é para sua própria cura. Você não gasta energia desnecessária sentindo raiva e sofrimento em relação a coisas sobre as quais você não pode mais mudar e não tem poder.
Se você acredita ou nao que essa pessoa vai repetir no erro e te magoar mais uma vez, talvez seja uma questao de confianca e experiência (no sentido nao-inocência).
Por isso eu digo que em muitas vezes nao sabemos se as pessoas vao errar ou nao. Assim como também nao sabemos se um dia vamos machucar alguém mesmo indo contra os nossos valores e princípios. Mas por isso nao precisamos gastar muita energia tendo medo disso. Vamos deixar a energia para lidar com a situacao se e quando aparecer.

Tudo que você pensa, fala e faz cria seu próprio mundo. Deste modo, ao criar dor por nao conseguir perdoar alguém você está criando sofrimento e inquietude para si mesmo.

O perdão é uma escolha. É recuperar seu poder. É um ato do coração. Ele libera a dor, o ressentimento que você carregou como um fardo que feria a você mesmo e aos outros. Você deixa de ser vítima de quem lhe prejudicou.

Espero ter ajudado.

MP.