quarta-feira, 31 de março de 2010

Aulas de inglês são dadas em português, conclui estudo de caso

Trabalho de Rio Preto relata fatores que dificultam aprendizado de língua estrangeira

Em sua pesquisa de mestrado, Ana Lúcia Fonseca Ducatti, do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, câmpus de São José do Rio Preto, acompanhou dez aulas em um colégio público do interior de São Paulo e concluiu: o método empregado não promoveu quase nenhum aprendizado em língua inglesa.

Questionários, filmagens e registros mostram que a aula transcorre sem que quase nada seja dito em inglês, relata a pesquisadora, que contou com a orientação do professor Douglas Altamiro Consolo.

O método empregado é o estudo de caso, que consiste na observação detalhada de um contexto ou de um indivíduo. A estudiosa observou as aulas de uma pessoa que não pode ser identificada. A pesquisada é mulher, tem mais de dez anos de experiência, formação em Letras e curso de especialização. A diretoria regional de ensino orientou Ana Lúcia a procurá-la, por ser considerada umas das melhores profissionais da rede pública.

Para a especialista, as conclusões do estudo mostram que a formação em inglês oferecida ao próprio educador já é deficiente. No Brasil, o ensino de língua estrangeira na graduação em Letras está exageradamente concentrado na gramática e na literatura, opina a pesquisadora. "Quando o educador não é fluente no idioma e não domina a pronúncia e o sotaque, ele sente insegurança ao lecionar."

Dormindo em sala
Dez alunos foram escolhidos aleatoriamente para responder a questionários ao final de cada aula. As perguntas eram sobre o que eles tinham aprendido naquele dia, o que eles acharam de bom ou ruim e se desejam ou não mais produção oral em classe. Os estudantes disseram que gostariam de que a professora falasse mais em inglês, desde que traduzindo tudo, o que para Ana Lúcia não traria benefício nenhum ao aprendizado. "A introdução do uso do inglês precisa ser paulatina, mas constante e sem traduções, para que os alunos possam perder o medo de não entender e comecem a gostar de usar as palavras."

Durante as filmagens, a pesquisadora também constatou a baixa participação dos estudantes. Havia muito desinteresse, com flagrantes de jovens dormindo nas carteiras. Eles disseram que era importante saber inglês por exigências do mercado de trabalho, mas um levantamento feito com a sala inteira verificou que apenas um terço dos alunos acreditava estar aprendendo alguma coisa.

A professora em estudo respondeu questionários sobre sua carreira e sobre como ela aprendeu inglês. Ela nunca teve aulas focadas no uso oral, mas dominava bem a estrutura gramatical e conhecia muito sobre literatura da língua. Não se considerava fluente, tinha insegurança ao pronunciar palavras e mostrou-se disposta a fazer cursos que a ensinassem, de fato, a falar o idioma.

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Dá pra acreditar?
Professor de inglês que não sabe falar inglês?
Sinto desapontá-los, mas essa gente é 99,9% dos professores, TANTO da rede pública QUANTO da particular. Não sabem falar inglês. E acham que vão ensinar alguma coisa para o seu filho.

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