quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sobre o que os alunos querem

Não importa a perfeição da gramática e da pronúncia, mas como os interlocutores usam o inglês para persuadir e convencer. Os professores precisam levar isso em conta.
David Graddol, autor do livro English Next

Ultimamente eu ando lendo muito isso. Que a culpa é dos professores. Que os professores exigem dos alunos uma precisão desnecessária.

Até acho que isso aconteça, por exemplo, na escola tradicional, nas aulas de inglês. Porque lá não dá pra aprender a falar inglês. Todo mundo sabe disso. O que resta aos professores de inglês é ensinar e cobrar gramática e vocabulário. OK. Mas acho que não era bem sobre esses professores que o David Graddol estava falando.

Não temos hoje nenhuma escola que ensine o inglês com o método medieval de Grammar Translation. Todas as escolas que conheço (e são as maiores e mais conceituadas) usam a abordagem comunicativa ou derivações inspiradas nela. E um dos pressupostos básicos da abordagem comunicativa é justamente priorizar a comunicação em detrimento à forma. Ou seja, bem o que ele disse: mais importante do que falar corretamente, é simplesmente FALAR, entender e se fazer entender. Todo professor que se preze sabe disso e tenta praticar isso em seu dia a dia.

Só que, se por um lado queremos que nosso aluno se preocupe mais com a sua habilidade oral do que com todo o resto, não é bem isso que ele quer. Ele quer falar direito e aprender correto. Por mais que eu explique aos meus alunos que a correção de erros não é benéfica, que o erro é parte do processo, etc etc etc, o meu aluno QUER SER CORRIGIDO TODA VEZ QUE COMETE UM ERRO. E como condenar essa vontade? Afinal, ele está pagando, para aprender direito, para fazer certo. Como fazê-los entender que não corrigindo seus erros, estou ajudando ele a fazer certo?

Eu também sou aluna e eu também quero ser corrigida sempre. E se o professor não me corrigir e por conta disso posteriormente eu descobrir que fiz alguma coisa errada, eu vou ficar furiosa com o meu professor sim!

Agora, os professores que ensinam a gramática e pronúncia corretas são tachados de irem contra o ensino!!! Vê se pode!

Esse processo de desprendimento, de fazer com que os alunos saiam dos seus padrões, larguem essa imagem de educação que aprenderam como certa durante a vida escolar inteira não é assim simples.

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Outro exemplo...
Nas escolas em que trabalhei, nunca usei notas (números). Sempre conceitos, sempre avaliações subjetivas. Para o aluno é complicado se adaptar a essa mudança e sentir que está tendo progresso real ao ver um "Bom" no boletim. A maioria quer uma média, um número, um certo ou errado para saber o que errou e como fazer certo. Eu entendo isso. E o pior é que, no final das contas, o conceito acaba sendo igualzinho a um valor numérico.

Eu, como aluna, jamais admitiria que, ao final do semestre, o professor dissesse: Olha, você teve um desempenho muito bom.
Como assim muito bom? E não foi excelente por que? Exatamente ONDE eu errei? E qual era o certo? ME DIZ!!!!!!

A avaliação por conceitos, apesar de ser considerada menos traumática, ainda está bem longe de representar algo que satisfaça nossos alunos.
E o foco exclusivo na habilidade comunicativa - avaliada por conceitos - ignorando habilidades objetivas como gramática e pronúncia - avaliada de maneira mais adequada por provas objetivas - também está bem longe de convencer alguém.

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