terça-feira, 13 de abril de 2010

Sex and the City

Eu sou meio viciada em séries, no momento acompanho umas 10 eu acho. Adoro, sempre adorei, quando eu tinha Sony em casa assistia todas as noites e assistia a reprise de todas as minhas preferidas no domingo. Vício mesmo.

Mas Sex and the City sempre foi diferente. Porque eu sempre achava coisas para me identificar. Não, nunca com a Samantha - hahahahaha - mas com o relacionamento da Carrie com o Mr Big. Acho que todo mundo em algum momento se depara com um Mr Big, mas a maioria das mulheres tem juízo suficiente para não insistir nesse tipo de relação. Eu e a Carrie não.

Nesse episódio da 2a temporada eu fiquei na frente do computador boquiaberta com o quanto via a minha vida estampada na vida da Carrie. Vamos ao que interessa: a situação. Eu até ia fazer a versão comentada, mas acho que está tudo tão auto-explicativo que dispensa comentários...

Carrie: A Charlotte quer alugar uma casa em Hamptons. Será que nós entramos nessa?
Big: - Acho que eu não posso.
C: Por quê? Você não gosta de salada de siri por US$ 40?
B: Talvez eu não passe o verão aqui. Talvez eu tenha que me mudar para Paris. A trabalho. Por pouco tempo.
C: Por quanto tempo?
B: Não sei. Sete meses. Um ano, talvez. Nada está definido.
C: Espere. Espere, espere... Há quanto tempo você sabe disso?
B: Há algum tempo. Mas saberei melhor depois desta viagem.
C: E quando você estava pensando em me contar?
B: Quando eu soubesse melhor. Nada está definido. Fique calma. Tenho de ir ou perderei o vôo. Conversaremos quando eu voltar.

Depois, Carrie se encontra com as amigas num café.
C: Eu queria matá-lo. E ele me olhava querendo dizer: "Qual é o problema?". "Não é de sua conta."
Charlotte: Calma. Dá para contornar. Você poderá ir visitá-lo em Paris...
C: Não é isso. Ele nem pensou em mim no seu processo de decisão. Nem um pouco.
Samantha: Os homens agem sempre assim. As mulheres só pensam em "nós". A definição de "nós" para eles é "eu e meu pênis".
C: O que está acontecendo? Será que é pedir muito? "Carrie, eu estou pensando em me
mudar para Paris para sempre." Estou certa? Uma hora ele está todo romântico
comigo, depois, me põe de lado. Não posso acreditar que isso esteja acontecendo novamente!
Miranda: Acalme-se. Ninguém vai quebrar nada aqui.
C: Por que eu não paro de fazer isso comigo? Eu devo ser uma masoquista ou coisa parecida.

Foi aí que eu percebi, pela primeira vez... que estava tendo uma relação sadomasoquista com o Sr. Big.
Nos relacionamentos, há sempre uma linha tênue entre dor e prazer. Acredita-se que uma relação sem dor não vale a pena. Para alguns, não há crescimento sem dor. Mas onde acabam essas dores de crescimento e onde começam as de sofrimento? Somos masoquistas ou otimistas insistindo em andar nessa linha?

Em um relacionamento... como podemos saber qual é o limite?

Depois de beber umas e outras, ela liga para o Mr Big.
C: Oi, sou eu. O que você está fazendo?
B: Eu estou na cama. Acho que se diz dormindo.
C: Na França você virou engraçado?
B: São 5:30 da manhã. O que foi?
C: Eu gostaria de saber como você pode pensar em ir para Paris... sem nem mesmo discutir o assunto comigo. Eu penso em você o tempo todo. "O que ele está fazendo, pensando?" Mas você, não. Quando você ia me dizer?
Você ainda está na linha?
B: Sim.
C: Porque eu penso em você o tempo todo. Correção: Eu penso em nós o tempo todo.
B: Não podemos conversar sobre isso em outra hora? Eu estava dormindo.
C: Nunca é a hora certa para você. Você está sempre dormindo ou indo. Sempre chamando: "Táxi!". De repente você está indo para a França. Você está velho. Você deveria
pensar em outra pessoa. Não se trata de um "nós" de mentira, é real. Mesmo que você não saiba, é de verdade. Eu sou uma mulher. Uma mu... lher.
B: Tome um outro coquetel, mulher.
C: Não é uma questão de coquetéis. É uma questão de decência humana. É uma questão de ser responsável, de ser adulto. É uma questão se ser homem.
B: Eu sou um homem... cansado. São 5:30 da manhã.
C: É melhor você ir se acostumando. Se você se mudar para aí, é assim que vai ser. Você vai estar dormindo quando eu estiver comendo, e... Droga! Você ainda está na linha?
B: Eu vou voltar a dormir, tenho uma reunião importante ás 9:00.
C: Então, desligue. Mas não me ligue quando eu estiver dormindo... porque eu também
tenho que trabalhar, sabia?

Depois, de novo com as amigas...
C: Eu estou exagerando com essa história da França. Charlotte está certa. Há uma solução.
Miranda: O que a fez mudar de idéia?
C: Eu fiquei completamente louca com o Big ao telefone. Talvez eu esteja arruinando tudo. Sim, é doloroso, ás vezes, mas vale a pena. Ele tem que ir para lá a trabalho... e o que há de tão errado em ir ver seu namorado em Paris?
Charlotte: Nada! É tão romântico.


O Big chegou no vôo das 9 da noite. Eu bati à sua porta às 10:00 para dar as boas-vindas.
C: Bonjour! Voilà, a boina francesa! Voilà, as batatas fritas! E não acaba aí. Eu quero o le Big Mac e le Mc Fish.
B: O que significa isso?
C: Desculpas por ter sido ridícula. Tenho pensado nisso. Acho que pode funcionar. Nós podemos fazer le sexo por telefone. E se as coisas piorarem... eu me mudarei para Paris para escrever "Le Sexo e le Cidade".
B: Seria ótimo.
C: Qual você quer?
B: Tanto faz. Mas você se mudaria para Paris por você, certo? Não se mude por mim.
C: Por que então eu mudaria para Paris?
B: Eu não quero que você mude sua vida e espere algo em troca.
C: Eu sou tão idiota!
B: O que foi?
C: Eu saio com uma boina, compro comida gordurosa para você... e você nem liga para mim!
B: Dá para você se acalmar?
C: Estou farta de me acalmar!
B: Olhe, eu preciso ter um relacionamento... no qual se eu tiver que ir para Paris, eu possa ir.
C: Certo, Big vá para Paris. O que aconteceria conosco se você fosse morar no Brasil?
B: Não é uma questão de "nós". É uma questão de trabalho.
C: Não é uma questão de trabalho. É uma questão de nos aproximarmos... e de você ter de colocar um oceano entre nós. Eu não quero mais falar sobre isso. Por que é tão difcil... para você, me considerar como um fator de verdade em sua vida?
B: Velhos hábitos não mudam.
C: Talvez eu não possa ir em frente.
B: Eu entendo.
C: Estou certa disso. Você disse que me amava.
B: Eu a amo.
C: Então, por que dói tanto?

Voltando para casa, eu estava furiosa. Não com o Big, comigo. Eu era a sádica. Talvez ele estivesse com o chicote, mas eu é que me amarrara. Amarrara-me a um homem que morria de medo de se amarrar.
Eu fui para a cama à 1:00. Às 2:30 eu ainda estava acordada.
Não havia mais palavras, havíamos dito tudo.

Daí o Mr Big aparece na casa dela... Depois de transarem, ela fica sentada na janela pensando.
Depois de fazermos amor, eu sabia que tudo havia acabado. Será que eu amara mesmo o Big? Ou eu estava viciada em dor? A dor maravilhosa de querer alguém tão inatingível.
B: O que você está fazendo aí?
C: Vá para Paris.
B: Eu não vou.
C: Não vamos fingir ser algo que não somos. Está tudo bem.
B: Venha para a cama.

Eu queria ir até ele, mas não conseguia me mexer. Uma parte de mim estava me segurando... sabendo que eu havia ido longe demais e chegado ao limite.
E foi assim que eu me libertei do Sr. Big.

Eu estava livre, mas não havia nada de maravilhoso nisso.

Um comentário:

Roseli disse...

Adoro Sex and the City, e quando vi esse episódio, chorei, pela identificação com a Carrie, com o Sr Big e com essa relação tão cheia de desejo e tão perturbadora. Eu vivo uma relação, não como essa, nesse momento "separada por um oceano".. mas igualmente sadomasoquista. Cheia de entrega e sem nada em troca.... nada do q eu gostaria, ou penso q gostaria... mesmo não estando satisfeita, é tão dificil me libertar... qual o limite pra mim?? rsrs... qual o limite entre a dor e o prazer??? é tão difícil... ou será q nós fazemos ser tão difícil?