terça-feira, 27 de abril de 2010

Feminista? Éca.

Os homens tem especial interesse em desqualificar as feministas. Como suas esposas se contentariam com a falta de talento na cama, a inutilidade masculina nos assuntos doméstico, a ausência paterna na criação dos filhos se fossem feministas? Os homens teriam que crescer, amadurecer se as mulheres fossem feministas. É muito mais fácil ter uma Barbie dentro de casa que uma mulher feminista. É bem mais fácil ser uma marionete pois assim não se é questionada. Sem ser questionada sempre se tem a sensação de estar fazendo a coisa certa, o "natural".

Tirei daqui.

Achei interessante, porque há poucos dias atrás tive uma discussão semelhante com um amigo meu. Estou encantada com Backlash, livro da Susan Faludi, e agora minha nova mania é mencionar dados do livro ou trazer a tona assuntos dele por aí para, sei lá, questionar o status quo.

Então ele comentou que num fórum alguém postou que homens casados sofrem mais ataques cardíacos do que os solteiros. E eu, pá, falei do que tinha lido no livro, que na verdade os homens solteiros sofrem muito mais do que os casados. Isso falando em depressão, tentativas de suicídio, melancolia, etc. E que os homens separados/divorciados demoram significativamente mais tempo para se reerguerem e se sentirem felizes de novo do que as mulheres.

E daí, conclusão minha - nada disso no livro, falei que obviamente, em culturas onde a mulher é mais submissa, os homens casados são mais felizes. Ou seja, a infelicidade do homem casado é algo "ocidental", ou "moderno". A resposta dele? Essa me quebrou. É óbvio que o homem casado com a "mulher moderna" (leia-se feminista) vai ser infeliz. Porque ele já está preocupado com mil coisas, trabalho e dinheiro e etc, e ainda tem que aguentar uma bocudinha, insolente, insubordinada, realmente essa é a pior desgraça que pode acontecer na vida de um homem. (ele não usou a palavra insolente e insubordinada, mas é que não lembro exatamente as palavras e no fundo, foi isso aí mesmo)

Interessante que, mesmo para pessoas que eu considerava mais abertas aos direitos das mulheres, as vezes o instinto ainda prega uma peça dessas. Sem querer, por 5 segundos, ele deixou escapar toda essa crença que andava escondidinha lá no fundo, de que o homem tem que mandar mesmo, de que a mulher tem que obedecer, e que a mulher que não obedece e defende suas opiniões se resume a uma bocudinha, insubordinada. E que para o homem ser feliz, tem que estar com uma mulher-pastel, que não tem opinião, que não tem personalidade, que se mescla ao marido a tal ponto que ela nem sabe mais se frango a parmeggiana é o prato preferido dela ou dele. E nesse raciocínio não importa se a mulher é feliz ou não nesse tipo de relação, porque a felicidade DELE é mais importante, saca?

Próximo passo da conversa, que até então ainda era pacífica, falar sobre essa construção de papéis, de como o homem acredita que "é natural" para ele mandar e ser obedecido e ter o dinheiro e ser o chefe da casa. Defendi que isso é cultural, é construído, não é genético. E que o homem também seria mais feliz se se livrasse dessa idéia de que TEM que ser o provedor, e TEM que ser o mais forte, e TEM que ser o dominador. A liberdade é benéfica para ambos os sexos, será que é difícil entender? Falei isso para não falar do que está escrito lá em cima, no trecho que retirei do blog Café Velho. Porque daí qualificaria agressão, e eu não estava exatamente afim de briga, só de uma discussão saudável.

E, depois dessa, escutei o supra-sumo do discurso conservador detestável: por que vc se preocupa tanto se essas coisas todas são construídas ou não? Você não vai mudar nada mesmo!

Pois é, eu acho que vou. Se não mudar o mundo, mudo pelo menos a minha vida. O que já é o suficiente, pois meus tempos de supermulher já se foram faz tempo. (e mesmo se a mudança fosse impossível, discutir deixa de ser legal???)

domingo, 25 de abril de 2010

Tunel do tempo: Instinto materno

Resultado de um papo de buteco entre eu e a Calol, postado em 25 de fevereiro de 2004.

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No geral, mulher adora homem problemático. Adora o desafio de salvar uma alma. É uma vontade incontrolável de fazer o impossível: consertar um homem, fazê-lo esquecer de outra mulher, fazê-lo largar as drogas, fazê-lo parar de beber, fazê-lo se tornar uma pessoa melhor, o que quer que "ser uma pessoa melhor" signifique.

Ter a sensação do dever cumprido, de que ele não seria nada sem ela na vida dele.

O homem normal, o homem regular, o homem equilibrado que não tem nenhuma trágica marca do passado não é tão legal e emocionante quando aquele que precisa de ajuda, que precisa ser resgatado. O relacionamento não tem a menor graça sem a adrenalina das brigas, das cenas, das lágrimas, do sofrimento terreno para alcançar depois a recompensa da felicidade divina.

Algo como passar por provações para depois desfrutar o deleite e o prazer plenos.
Auto-flagelação???

Mas não acaba aí. Pq o mundo nunca está livre das almas sofridas. Quando o homem finalmente fica recuperado, é a hora de partir para outra. As mulheres tem uma missão a cumprir, a missão de reeducar todos os homens do universo, assim como se educa um filho. Transformar todos eles em resultados do seu esforço, da sua dedicação, da sua paciência, do seu amor incondicional. Deixar a sua marca no mundo dessa forma, transformando homens em pessoas melhores. Um após o outro.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Involução ideológica

A feminista e filósofa francesa Elisabeth Badinter, que acaba de lançar o polêmico livro O conflito - A mulher e a mãe, acredita que estamos no centro de uma involução ideológica no que diz respeito ao papel da mulher. O regresso a um naturalismo desnecessário (parto normal, amamentação, cama compartilhada com filhos, mãe em tempo integral) e a um processo de culpabilização da mulher, pressionada a acreditar que boa mãe é a que se doa por inteiro à maternidade.

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Eu nem sou mãe e nem penso em ser, mas isso não quer dizer que eu não tenha opiniões a respeito da maternidade. E esse parágrafo tão minúsculo me deu so much food for thought que eu nem sei por onde começar.

Como é difícil desconstruir coisas que estão na minha cabeça desde sempre, quase que tatuadas... E como eu me contradigo! Acho que isso é temporário.

Explico. A vida inteira, sempre pensei que o lugar da minha mãe era em casa, cuidando de mim. Morria de inveja das minhas amigas que tinham as mães em casa, e eu ia na casa delas e elas faziam lanchinhos e pipoca pra gente comer no meio da tarde.

Isso me levou a concluir que o lugar da mãe era dentro de casa. Não o lugar DA MULHER, mas o lugar da mãe. Ou seja, se vc fosse solteira ou não tivesse filhos, sem problemas trabalhar fora e etc. Mas, engravidou, acabou-se. Lugar de mãe é com os filhos. E isso me levou a uma série de associações perigosas. Uma coisa foi levando à outra, e logo concluí que quem quer ser mãe tem que se dispôr a uma série de "sacrifícios", do contrário, deveria desistir.

E eu queria ser mãe um dia, então decidi antecipadamente que meus filhos não iriam para cheche nem a pau - pois eu jamais confiaria em estranhos educando meus filhos, que se possível eles seriam homeschooled (eu ainda não sabia que homeschooling era proibido no Brasil) e, no final das contas, eu passaria o resto da minha vida em função deles, levando para o inglês, para o judô, para a escola, ajudando nas tarefas, brincando no parquinho, etc, etc, etc. Quando começou Desperate Housewives, a Bree era meu modelo. Queria ser como ela. "Perfeita".

Todo mundo diz que ser mãe é a maior realização da vida, não diz? Então, eu ia me sentir 100% realizada cada vez que trocasse fralda, cada vez que arrumasse a cama deles, cada vez que tivesse que assinar uma advertência na agenda da escola. E não precisaria de mais nada além disso para ser feliz. Segui a lógica que me ensinaram desde pequena - qdo digo me ensinaram, não me refiro aos meus pais, mas sim a todo o sistema, mídia, filmes, escola, and so on.

Depois que eu comecei a ler sobre feminismo, uma série de mitos e crenças que eu tinha foi caindo por terra. E isso não acontece sem uma certa crisezinha e confusão. Entre elas, esse mito de mãe-perfeita. E também o mito da supermulher. Foi bem na fase em que eu tava me dobrando em 3 para dar conta de tudo que eu achava que tinha a obrigação de dar conta. Querendo impressionar - e ser amada - pelo meu então namorado, entrei numa fase de quase auto-destruição, onde trabalhava 12 horas por dia (supermulher tb tem que ganhar dinheiro), chegava em casa, fazia janta (homens felizes e bem cuidados precisam comer salgado à noite, e não sanduíche), lavava as roupas, ajeitava a casa e ainda acatava as ordens aleatórias dele, do tipo "dá uma limpada nisso aqui". Porque dar uma limpada é coisa de mulher, logo, ele não podia fazer.

Como é que eu podia não ser feliz assim né? Ainda não entendo (ironia mode on).

E eu me rendi ao feminismo não intelectualmente, mas primeiro fisicamente mesmo. Fisicamente eu não aguentava mais aquele ritmo de supermulher, e parei. E comecei a pensar será que alguém de fato aguenta viver assim. E será que EU precisava mesmo viver assim, e onde estava a tal felicidade e sensação de realização que toda mulher deveria sentir ao cuidar da casa e do marido??? Será que a anormal era eu?

Agradeço a Betty Friedan por me mostrar que eu não sou anormal, e a Susan Faludi por me mostrar que tudo que eu pensava ser "natural" (inclusive o que diz respeito a maternidade) é resultado do backlash.

Bom, como eu disse lá no começo, eu nem sabia por onde começar, e olha só no que deu...

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Pedagogia dos caracóis

A lentidão é virtude a ser aprendida num mundo em que a vida corre ao ritmo das máquinas
Rubem Alves

Os caracóis são moluscos lerdos. Andam muito, muito devagar. Ninguém tomaria os caracóis como exemplos. Embora suas conchas sejam belas e construídas com precisão matemática, o que chama a atenção de quem os observa é sua pachorra. Caracóis não têm pressa. Falta-lhes dinamismo, virtude essencial àqueles que vivem no mundo moderno. Quem anda devagar fica para trás. Quem iria imaginar que um educador, ao observar um caracol, tivesse uma inspiração pedagógica? Pois foi o que encontrei numa revista italiana, Cem Mondialità. A fotografia que ilustra o referido artigo é a de um menino, rosto apoiado na carteira, a observar tranqüilamente um caracol que se arrasta sobre a tampa da carteira. E o título do artigo é A pedagogia do caracol.

Caracol tem pedagogia a ensinar? O autor conta o sucedido com uma menininha que, ao voltar para a casa, queixou-se: "Mamãe, os professores dizem 'É preciso andar rápido, nada de vagareza, para frente, para frente. Mamãe, onde é a frente?". E aí ele passa a falar sobre a virtude pedagógica da vagareza. Pode ser que "chegar na frente" não seja tão importante assim! Quem sabe o "estar indo" seja mais educativo que chegar! No "estar indo" aprende-se um jeito de ser. Nietzsche se ria dos turistas que subiam as montanhas como animais, estúpidos e suados. Não haviam aprendido que há vistas maravilhosas no caminho que sobe... Riobaldo acrescentaria: "O real não está nem na saída e nem na chegada; ele se dispõe para a gente é no meio da travessia". O adágio da Sonata ao Luar tocado "presto" seria um horror. As notas seriam as mesmas. Mas a beleza não se encontra no presto; ela está é na vagareza do "adágio". Ele aconselha os professores a estarem com seus alunos no ritmo "adágio". Sem pressa.

A lentidão é virtude a ser aprendida num mundo em que a vida corre ao ritmo das máquinas. Gastar tempo conversando com os alunos. Saber sobre as suas vidas, os seus sonhos. Que importa que o programa fique atrasado? A vida é vagarosa. Os processos vitais são vagarosos. Quando a vida se apressa é porque algo não vai bem.

Adrenalina no sangue, o coração disparado em fibrilação, diarréia. Observar as nuvens. Conversar sobre as suas formas. A observação das nuvens faz os pensamentos ficarem tranqüilos. As notícias dos jornais são escritas depressa. Por isso têm curta duração. Mas a poesia se escreve devagar. Por isso ela não envelhece. Inventaram essa monstruosidade chamada leitura dinâmica. Ela pressupõe que um texto é feito com poucas idéias centrais, tudo o mais sendo encheção de lingüiça. A técnica da leitura dinâmica é ir direto às idéias centrais, desprezando o resto como lixo.

Já imaginaram sexo dinâmico, que dispensa os "entretantos" e vai direto ao "finalmente"? Essa é uma maneira canina de fazer amor. Mas não é isso a que os jovens são obrigados quando, ao se preparar para o vestibular, se põem a ler "resumos" de obras literárias? Um resumo é o resultado escrito de uma leitura dinâmica. É preciso ler tendo a lesma como modelo... Devagar. Por causa do prazer. O prazer anda devagar. Você leu esse artigo dinamicamente ou lesmicamente?

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Ensino a distância já atrai 20% dos novos universitários

Dados do Ministério da Educação mostram que um em cada cinco novos alunos de graduação no País ingressam em um curso a distância. Ou seja: cerca de 20% dos universitários já estudam entre aulas na internet e em polos presenciais. Os números indicam um rápido avanço da modalidade, ainda pouco conhecida da maioria da população. O grande impulso para o crescimento do modelo semi-presencial - apesar do nome, aulas totalmente a distância são proibidas pela legislação - foi dado pelo próprio governo, com a criação da Universidade Aberta do Brasil, em 2005. A instituição tem 180 mil vagas em cursos superiores oferecidos em parceria com universidades federais.

"Os estudantes são atraídos pela versatilidade, modularidade e capacidade de inclusão que a metodologia oferece", afirma o pesquisador Fábio Sanchez, autor do levantamento e um dos coordenadores do Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância. Por outro lado, a modalidade exige autonomia do estudante, porque as aulas são construídas por meio de tecnologias como fóruns de discussão, videoconferências e chats pela internet.
Algumas avaliações também podem ser feitas online, mas as provas devem ser presenciais, assim como parte do conteúdo das aulas e atendimentos com os professores. "A tendência é que a educação presencial e EAD se misturem cada vez mais no futuro", afirma Sanchez. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Eu não acho que o Ensino a Distância esteja "roubando" alunos do presencial.
Acho, sim, que é uma excelente oportunidade para pessoas que, de outra forma, jamais fariam curso superior. Meu caso, por exemplo. Nunca voltaria para a faculdade, todos os dias, 4 horas por dia, no meio de meninas de 17 anos... Era EaD ou nada!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

terça-feira, 13 de abril de 2010

Sex and the City

Eu sou meio viciada em séries, no momento acompanho umas 10 eu acho. Adoro, sempre adorei, quando eu tinha Sony em casa assistia todas as noites e assistia a reprise de todas as minhas preferidas no domingo. Vício mesmo.

Mas Sex and the City sempre foi diferente. Porque eu sempre achava coisas para me identificar. Não, nunca com a Samantha - hahahahaha - mas com o relacionamento da Carrie com o Mr Big. Acho que todo mundo em algum momento se depara com um Mr Big, mas a maioria das mulheres tem juízo suficiente para não insistir nesse tipo de relação. Eu e a Carrie não.

Nesse episódio da 2a temporada eu fiquei na frente do computador boquiaberta com o quanto via a minha vida estampada na vida da Carrie. Vamos ao que interessa: a situação. Eu até ia fazer a versão comentada, mas acho que está tudo tão auto-explicativo que dispensa comentários...

Carrie: A Charlotte quer alugar uma casa em Hamptons. Será que nós entramos nessa?
Big: - Acho que eu não posso.
C: Por quê? Você não gosta de salada de siri por US$ 40?
B: Talvez eu não passe o verão aqui. Talvez eu tenha que me mudar para Paris. A trabalho. Por pouco tempo.
C: Por quanto tempo?
B: Não sei. Sete meses. Um ano, talvez. Nada está definido.
C: Espere. Espere, espere... Há quanto tempo você sabe disso?
B: Há algum tempo. Mas saberei melhor depois desta viagem.
C: E quando você estava pensando em me contar?
B: Quando eu soubesse melhor. Nada está definido. Fique calma. Tenho de ir ou perderei o vôo. Conversaremos quando eu voltar.

Depois, Carrie se encontra com as amigas num café.
C: Eu queria matá-lo. E ele me olhava querendo dizer: "Qual é o problema?". "Não é de sua conta."
Charlotte: Calma. Dá para contornar. Você poderá ir visitá-lo em Paris...
C: Não é isso. Ele nem pensou em mim no seu processo de decisão. Nem um pouco.
Samantha: Os homens agem sempre assim. As mulheres só pensam em "nós". A definição de "nós" para eles é "eu e meu pênis".
C: O que está acontecendo? Será que é pedir muito? "Carrie, eu estou pensando em me
mudar para Paris para sempre." Estou certa? Uma hora ele está todo romântico
comigo, depois, me põe de lado. Não posso acreditar que isso esteja acontecendo novamente!
Miranda: Acalme-se. Ninguém vai quebrar nada aqui.
C: Por que eu não paro de fazer isso comigo? Eu devo ser uma masoquista ou coisa parecida.

Foi aí que eu percebi, pela primeira vez... que estava tendo uma relação sadomasoquista com o Sr. Big.
Nos relacionamentos, há sempre uma linha tênue entre dor e prazer. Acredita-se que uma relação sem dor não vale a pena. Para alguns, não há crescimento sem dor. Mas onde acabam essas dores de crescimento e onde começam as de sofrimento? Somos masoquistas ou otimistas insistindo em andar nessa linha?

Em um relacionamento... como podemos saber qual é o limite?

Depois de beber umas e outras, ela liga para o Mr Big.
C: Oi, sou eu. O que você está fazendo?
B: Eu estou na cama. Acho que se diz dormindo.
C: Na França você virou engraçado?
B: São 5:30 da manhã. O que foi?
C: Eu gostaria de saber como você pode pensar em ir para Paris... sem nem mesmo discutir o assunto comigo. Eu penso em você o tempo todo. "O que ele está fazendo, pensando?" Mas você, não. Quando você ia me dizer?
Você ainda está na linha?
B: Sim.
C: Porque eu penso em você o tempo todo. Correção: Eu penso em nós o tempo todo.
B: Não podemos conversar sobre isso em outra hora? Eu estava dormindo.
C: Nunca é a hora certa para você. Você está sempre dormindo ou indo. Sempre chamando: "Táxi!". De repente você está indo para a França. Você está velho. Você deveria
pensar em outra pessoa. Não se trata de um "nós" de mentira, é real. Mesmo que você não saiba, é de verdade. Eu sou uma mulher. Uma mu... lher.
B: Tome um outro coquetel, mulher.
C: Não é uma questão de coquetéis. É uma questão de decência humana. É uma questão de ser responsável, de ser adulto. É uma questão se ser homem.
B: Eu sou um homem... cansado. São 5:30 da manhã.
C: É melhor você ir se acostumando. Se você se mudar para aí, é assim que vai ser. Você vai estar dormindo quando eu estiver comendo, e... Droga! Você ainda está na linha?
B: Eu vou voltar a dormir, tenho uma reunião importante ás 9:00.
C: Então, desligue. Mas não me ligue quando eu estiver dormindo... porque eu também
tenho que trabalhar, sabia?

Depois, de novo com as amigas...
C: Eu estou exagerando com essa história da França. Charlotte está certa. Há uma solução.
Miranda: O que a fez mudar de idéia?
C: Eu fiquei completamente louca com o Big ao telefone. Talvez eu esteja arruinando tudo. Sim, é doloroso, ás vezes, mas vale a pena. Ele tem que ir para lá a trabalho... e o que há de tão errado em ir ver seu namorado em Paris?
Charlotte: Nada! É tão romântico.


O Big chegou no vôo das 9 da noite. Eu bati à sua porta às 10:00 para dar as boas-vindas.
C: Bonjour! Voilà, a boina francesa! Voilà, as batatas fritas! E não acaba aí. Eu quero o le Big Mac e le Mc Fish.
B: O que significa isso?
C: Desculpas por ter sido ridícula. Tenho pensado nisso. Acho que pode funcionar. Nós podemos fazer le sexo por telefone. E se as coisas piorarem... eu me mudarei para Paris para escrever "Le Sexo e le Cidade".
B: Seria ótimo.
C: Qual você quer?
B: Tanto faz. Mas você se mudaria para Paris por você, certo? Não se mude por mim.
C: Por que então eu mudaria para Paris?
B: Eu não quero que você mude sua vida e espere algo em troca.
C: Eu sou tão idiota!
B: O que foi?
C: Eu saio com uma boina, compro comida gordurosa para você... e você nem liga para mim!
B: Dá para você se acalmar?
C: Estou farta de me acalmar!
B: Olhe, eu preciso ter um relacionamento... no qual se eu tiver que ir para Paris, eu possa ir.
C: Certo, Big vá para Paris. O que aconteceria conosco se você fosse morar no Brasil?
B: Não é uma questão de "nós". É uma questão de trabalho.
C: Não é uma questão de trabalho. É uma questão de nos aproximarmos... e de você ter de colocar um oceano entre nós. Eu não quero mais falar sobre isso. Por que é tão difcil... para você, me considerar como um fator de verdade em sua vida?
B: Velhos hábitos não mudam.
C: Talvez eu não possa ir em frente.
B: Eu entendo.
C: Estou certa disso. Você disse que me amava.
B: Eu a amo.
C: Então, por que dói tanto?

Voltando para casa, eu estava furiosa. Não com o Big, comigo. Eu era a sádica. Talvez ele estivesse com o chicote, mas eu é que me amarrara. Amarrara-me a um homem que morria de medo de se amarrar.
Eu fui para a cama à 1:00. Às 2:30 eu ainda estava acordada.
Não havia mais palavras, havíamos dito tudo.

Daí o Mr Big aparece na casa dela... Depois de transarem, ela fica sentada na janela pensando.
Depois de fazermos amor, eu sabia que tudo havia acabado. Será que eu amara mesmo o Big? Ou eu estava viciada em dor? A dor maravilhosa de querer alguém tão inatingível.
B: O que você está fazendo aí?
C: Vá para Paris.
B: Eu não vou.
C: Não vamos fingir ser algo que não somos. Está tudo bem.
B: Venha para a cama.

Eu queria ir até ele, mas não conseguia me mexer. Uma parte de mim estava me segurando... sabendo que eu havia ido longe demais e chegado ao limite.
E foi assim que eu me libertei do Sr. Big.

Eu estava livre, mas não havia nada de maravilhoso nisso.

domingo, 11 de abril de 2010

Prospect Theory

A "Prospect Theory" nos ensina que pessoas em situação de risco e privação, contrariando o senso comum, têm mais chance de arriscar, por isso insistem em erros ou tomam atitudes impensados (Como continuar perdendo num cassino, apesar de todos os sinais de que não tem como ganhar). Ou seja, não enfrente uma pessoa acuada e sem esperanças: ela é capaz de tudo!

Ótimo. Encontrei aqui.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Na idade da pedra do século XX, as mulheres ficavam em casa, enquanto os homens iam ao trabalho caçar o dinheiro e o sustento. Elas eram escravas, não só deles, mas de um projeto de lar, de família e de vida, do qual não poderiam sair sem penas horríveis, como o ostracismo, pobreza e vergonha.

O feminismo, o divórcio e o trabalho fora de casa permitiram que elas saíssem, ganhassem o próprio sustento, as rédeas da própria vida, e agora elas têm quase todas as facilidades que os homens de antigamente tinham de controlar as próprias vidas. Podem iniciar um divórcio, viver desacompanhadas, dormir com quem quiserem, etc. Algumas desigualdades ainda persistem, mas houve progresso aí, inegável.

Antigamente, a mulher era a responsável por querer manter um projeto de união para sempre. Elas eram educadas para desenhar o happily ever after e lutar por isso, com unhas e dentes. Os homens, por outro lado, deveriam caçar e portar-se como caçadores: indiferentes à mudança, sempre preparados para pegar a escova de dentes e ir dançar noutro lugar.

Quando você diz que eu penso como uma mulher e ela pensa como um homem, está se referindo a esta maneira antiga de pensar: quer dizer que eu penso como quem busca, deseja e anseia uma união por muito tempo, um projeto de futuro. E que ela, produto do feminismo, está sempre pronta para começar de novo, sempre preparada para terminar. O problema é que estar pronto para o fim significa também ansiar por ele.

Uma relação só conseguirá durar enquanto nenhum dos dois for capaz de ver o fim.


Trecho de um texto mto legal que encontrei aqui.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Para ler e Refletir! O Menino e a Rosa

Era uma vez um menino. Ele era bastante pequeno. E ela era uma grande escola. Mas quando o menininho descobriu que podia ir a sua sala, caminhando, através da porta, ele ficou feliz. E a escola não parecia mais tão grande quanto antes.

Uma manhã, quando o menininho estava na escola, a professora disse: - Hoje nós iremos fazer um desenho. - Que bom! Pensou o menino. Ele gostava de fazer desenhos. Ele poderia fazer de todos os tipos: leões, tigres, galinhas, vacas, trens, barcos,; e ele pegou sua caixa de lápis e começou a desenhar.

Mas a professora disse: - Esperem! Ainda não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos. - Agora - disse a professora - nós iremos desenhar flores. - Que bom! pensou o menininho. Ele gostava de desenhar flores. E começou a desenhar flores com seu lápis cor de rosa, laranja e azul.

Mas a professora disse: - Esperem! Vou mostrar como fazer. E a flor era vermelha com o caule verde. No outro dia, quando o menininho estava em aula, ao ar livre, a professora disse: - Hoje nós iremos fazer alguma coisa com barro. - Que bom! pensou o menininho, ele gostava de barro. Ele podia fazer todas as coisas com barro: elefante, camundongos, carros e caminhões. Ele começou a juntar e amassar a sua bola de barro.

Mas a professora disse: - Esperem! Não é hora de começar. E ele esperou até que todos estivessem prontos. - Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato. - Que bom! pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. A professora disse: - Esperem! Eu vou mostrar como se faz. E ela mostrou a todos como fazer um prato fundo. - Assim - disse a professora - Agora podem começar.

O menininho olhou para o prato da professora. Então olhou para seu próprio prato. Ele gostava mais do seu prato do que o da professora. Mas ele não podia dizer isso. Ele amassou o seu barro numa grande bola novamente, e fez um prato igual o da professora. Era um prato fundo.

E muito cedo, o menininho aprendeu a esperar e a olhar, a fazer as coisas exatamente como a professora. E muito cedo, ele não fazia mais as coisas por si próprio. Então aconteceu de o menino e sua família mudar-se para outra casa, em outra cidade, e o menininho tinha que ir para outra escola. Esta escola era maior do que a primeira. E não havia porta da rua nesta escola.

E no primeiro dia ele estava lá. A professora disse: - Hoje nós faremos um desenho - Que bom! Pensou o menininho, e ele esperou que a professora dissesse o que fazer. Mas a professora não disse. Ela apenas andava na sala. Foi até ele e falou: - Você não quer desenhar? - Sim, disse o menininho, o que é que nós vamos fazer? - Eu não sei, até que você o faça, disse a professora. - Como eu posso fazê-lo? Perguntou o menininho. - Da maneira que você gostar, disse a professora. - De que cor? - Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu vou saber quem fez o quê e qual o desenho de cada um? - Eu não sei, disse o menininho. E ele começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde.

Encontrei esse texto lindo aqui.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Tunel do tempo: Como acostumar-se?

Esse post é legal. Publiquei ele em 22 de fevereiro de 2004. Pensei estar sofrendo por uma perda irreparável e irreversível. Mas eis que, depois de 5 anos de rolo (desde 17 de janeiro de 2002), em 2007 começamos a namorar. E estamos aí até hoje. E até sempre, eu espero. :)

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Realmente... Como pode tanta memória ser acesa de repente?

O mundo gira, e eu mudo [ou penso que mudo] e o tempo passa, aliás, o tempo voa... E de uma hora para outra, num simples passeio com a minha família, passar perto da casa dele me faz pensar em tudo. Tudo de bom, tudo de ruim, tudo de engraçado, tudo de triste, tudo de certo, tudo de errado, tudo de feio, tudo de lindo, as noites mal dormidas pq a gente se amava ou pq eu chorava, as manhãs de alegria por vê-lo ao meu lado, as manhãs de tristeza por ver que ele se foi, as coisas, as coisas e tb as coisas, tantas coisas... As que nós dividimos e as que ele guardou só prá ele. Todas as coisas, que apesar dos pesares, PORRA, CARALHO, COMO EU SINTO FALTA, COMO EU QUERIA, COMO EU ADORARIA... COMO EU VOU SUPERAR?????

Tava falando com a minha amiga... É foda, eu me relacionei com algumas pessoas, claro, e sempre pensei estar apaixonada, e acreditava estar me envolvendo. Mas no final sempre descobria que nunca saí do lugar. Pq com ninguém eu senti 1/3 do que eu senti com ele, nunca, e honestamente não tenho a menor esperança. Ai, malditas borboletas no estômago, quando vou sentí-las novamente? Será que só quando vê-lo de novo?

Como a vida é triste quando a gente perde uma pessoa tão importante, como as coisas perdem a cor... Como a gente aprende a conviver com a realidade de que alguém nunca mais vai voltar??? Como aprender a se entregar sabendo que nunca vai ser a mesma coisa?

Vou ter que viver prá sempre pensando nele? Vou me casar e ter filhos pensando nesse amor cretino que tive aos 20 anos e com o qual nunca soube lidar?

domingo, 4 de abril de 2010

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Fiéis e inteligentes - Martha Medeiros

Eu li o texto abaixo, da Martha Medeiros, e um comentário da dona do blog. Pensei em fazer parecido, escrever os meus comentários ao final também. Mas a Lívia escreveu tão belamente que simplesmente mandei ver no ctrl+c ctrl+v e grifei algumas partes que falam mais alto para mim.
Enjoy!

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As mulheres acabam de ganhar um belo argumento contra os don juans: segundo uma pesquisa divulgada recentemente, homens fiéis são mais inteligentes que os infiéis. Dito assim, parece conversa pra boi dormir, mas há uma informação importante por trás desse resultado. Satoshi Kanazawa, especialista em psicologia evolutiva da London Schools of Economics, descobriu que há uma mudança de mentalidade em curso, e essa é a grande notícia.

Todos sabem a força da cultura herdada. De geração em geração, homens lidam com sexo de uma maneira menos romântica que as mulheres. Realizam suas fantasias e desejos à revelia de seu estado civil, amparados pela teoria ancestral de que nasceram para espalhar o maior número de sementinhas e assim garantir a permanência da espécie. Com um álibi bom desses, a infidelidade masculina acabou sendo considerada apenas uma travessura, e, se a traição magoava as parceiras fixas, azar das parceiras fixas. Perde-se um ônibus, logo vem outro, não é o que dizem?

O que o Sr. Kanazawa revelou ao mundo é que os homens começaram a perceber que esse rodízio pode ter um alto custo emocional. O sexo clandestino é muito divertido e o risco de ser descoberto pode deixá-lo ainda mais saboroso, mas se for realmente descoberto, surpresa: já não haverá uma Amélia para perdoar. Antigamente, as mulheres faziam olho branco não só porque "homem é assim mesmo", mas porque a sociedade não recebia de braços abertos as desquitadas, e, além de sozinhas, elas teriam que viver de pensão e reduzir seu padrão de consumo, sem falar no trauma causado aos filhos. Uma derrocada familiar que era facilmente evitada: bastava fingir que nada estava acontecendo.

Hoje, independentes financeiramente, com a sociedade as reverenciando e conhecedoras de truques para não envelhecer jamais, as mulheres já não têm por que ficar aturando desaforo. Se a linha de ônibus deles é frequente, a nossa também, basta fazer um sinal. Mas não é a variedade que costuma nos dar uma bela história de vida pra contar.

Afora as imutáveis diferenças hormonais que determinam o comportamento sexual de machos e fêmeas, o aspecto cultural pode realmente estar passando por uma evolução. Os homens mais inteligentes (cuja pesquisa inclui também os ateus e os politicamente liberais, mas nisso ninguém se ateve) são aqueles que estão atentos às transformações sociais e que se deram conta de que mais vale ter uma mulher incrível ao lado do que uma coleção de biscates, e resolveram reduzir a farta distribuição de sementinhas. Sendo homens seguros, não precisam copiar o padrão machista de seus pais e avós. Captaram, com mais rapidez que os neurologicamente desfavorecidos, que o risco de perder a mulher amada é grande e que a fidelidade pode ser um bom investimento em longo prazo. Como é que ficaram tão espertos?

Precisaram ficar. Suas mães e avós, também muito inteligentes, pavimentaram essa mudança antes deles.


Esse texto saiu no Jornal "O Globo" no dia 14 de março de 2010. Nem preciso dizer que foi mais uma curiosa peripécia do destino, que insiste em me fazer pensar sobre a situação da mulher na sociedade. Depois de fazer redações para cursos pré-vestibulares, de ler sobre o papel da mulher e toda a sua condição, me deparo com essa brilhante colocação de Martha Medeiros. Certamente muito diferente de tudo o que já li e vi a respeito. Para todos aqueles que ainda levantam aquela velha questão da sensibilidade e da emotividade femininas, surge uma mulher que simplesmente oferece uma justificativa racional, perfeitamente plausível e lógica para a fidelidade.
É, dessa vez os homens não escapam mesmo... A arcaica ótica machista está se perdendo na sociedade atual, levando a uma revisão da condição da mulher dentro da sociedade e fazendo com que até mesmo os homens tenham que se adaptar a esta nova realidade.
Não defendo o pseudo-feminismo. Defendo a verdadeira igualdade de sexos, que tanto envolve a dessacralização da imagem feminina da "Amélia" e a submissão da mulher quanto a divisão da conta do restaurante e das despesas da casa. Fim do cavalheirismo? Nada contra ele... mas quando ele se torna um mecanismo de subjugação, de inferiorização da mulher não é válido. E há mulheres que ainda se aproveitam dele; e estas sim, mais que os homens, deixando de lado o verdadeiro propósito da igualdade, é que impedem a evolução deste processo.
Se eu pudesse dar um conselho a todas as mulheres, diria, parafraseando Jane Elliot: "Mulher vá além da beleza... Torne-se competente, torne-se capaz". E é esta a mensagem que gostaria de deixar. Mulheres, repensem suas condições na sociedade, avaliem as possibilidades e não deixem que nada e ninguém defina os seus propósitos. Conquistem seus espaços, corram atrás do que é de vocês.