segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

I have a dream

E então que hoje é Martin Luther King Day.

Esse cara foi O cara. Não tem como assistir ao discurso mais famoso dele, I have a dream, e não se emocionar. E fico muito surpresa de saber que isso tudo aconteceu ainda ontem. Ainda ontem, agorinha, em 1963. Pensa bem cara... Há somente 48 anos, negros não podiam votar em muitos estados dos EUA. Negros tinham banheiros separados. Negros ocupavam a parte de tras dos ônibus. Umas coisas assim que na nossa cabeça fazem parte da Idade Média. Mas não. Foi ontem.

Eu acho interessante quem acha que pá, que tá tudo bem hoje em dia. Que meritocracia existe e funciona, ainda mais aqui no Brasil. Que é só lutar e se esforçar, e o céu é o limite - afinal, olha só o exemplo do Sílvio Santos né? Bem coisinha da direita isso, e bem por isso que eu odeio qualquer coisa que lembre a direita.

Vamos tirar 5 segundos, em memória de Martin Luther King e repensar saporra toda de meritocracia. Né? 49% do Brasil é de negros/pardos. Mas essa proporção não existe em cargos de chefia, em cargos políticos, em escolas particulares, em universidades. Enquanto 26% de pretos e 30% de pardos ganham ATÉ 1/2 salário mínimo, apenas 12% de brancos está nessa mesma situação.

Então... Meritocracia né?

É só se esforçar um pouco, batalhar, e daí a gente chega lá. O que significa, logo, que mais ou menos 30% de pardos e pretos são simplesmente... VADIOS? Não, não pode ser, eu conheço vários que são trabalhadores. Então... Eles só tem menos capacidade, é isso? São... mais burros? Talvez alguma falha genética então?

Porque, se não existe preconceito nesse paraíso que é o Brasil, temos que achar uma outra explicação, né?

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Na verdade, quando eu finalmente desmistifiquei esse lance todo de meritocracia foi que a minha visão DE MUNDO mudou. Comecei a ver TUDO com outros olhos. E comecei a me revoltar toda vez que ouço/vejo um discurso pregando o esforço pessoal como solução de todos os problemas. Aham, Claudia, senta lá.

Um comentário:

Anônimo disse...

gosto das "marcas" "manias" da sua escrita