quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Nunca vai mudar


O que incomoda é essa sensação de que nunca vai mudar. De que os intelectualizados vão continuar alegando que são só de brincadeira todas as manifestações de preconceito de gênero. Que as moderninhas vão continuar chamando de liberdade sexual suas competições por futilidades. De que os desprovidos de educação formal, caráter, respeito, continuem punindo com força e abuso sexual toda mulher que acreditar ser dona do próprio corpo e senhora de sua sexualidade. E porque não puniriam? Vivem na selvageria e ninguém numa acima deles na cadeia alimentar social reforça que a mulher é um ser humano. Mulher é sempre parte. Mulher é melhor calada, obediente e pelada. Mulher boa é aquela que espera ser completa no outro. Que precisa do outro. Que sobrevive à ausência do outro. Que cria os filhos do outro. Um grande receptáculo de porra, é isso que a mulher é. E elas sofrem, choram, muitas se submetem. O que dói não é a brincadeira, mas a ausência de diálogo. São os calabocas, são as provocações, são os xingamentos. Diálogo com quem se mulher não fala? Mulher só fala se concorda. Mulher é boa quando concorda. Então vão lá, mostrem a bunda e ganhem menos. Gastem mais. Gastem muito com salão de beleza e renda francesa. Finjam que acreditam em tudo que escutam. Finjam que não vivem no mundo que eu vejo, errado e repressor. Aproveitem e finjam que tudo se reduz a sapatos. Comprem muitos sapatos. Finjam orgasmos também. Repitam até soar verdadeiro que tamanho não importa. Dependam. Dependam pra tudo. Dependam pra pagar as contas. Dependam pra abrir jarra de palmito. O outro é frágil sabe? Parece que não, mas é. Encene o tempo inteiro pra que ele não fique inseguro. Encene e ele vai se sentir um macho alpha. Quando ele finalmente acreditar que é tudo, você vai ser automaticamente reduzida a nada. Faça que não se importa. Compre mais sapatos.